São 6 horas da manhã e ele não quer sair do quarto. Dentro da escuridão o mundo se torna de fácil aceitação. A realidade é moderada pelas paredes que a limitam.

Mas ele tem algo a fazer hoje. Não digo trabalhar ou sonhar, pois isso ele faz todo dia. Ele precisava fazer algo que não sabe o que é nem que precisa fazê-lo.

E ela também. Emocionalmente indisposta e propositalmente mantendo distancias das pessoas. O que ela deve encontrar ao cruzar a linha da solidão e olhar para algo que sempre esteve ao seu lado? Sempre esteve ao seu lado.

E o homem cruzando com ela na rua lhe arranca um sorriso sem querer do rosto. O rosto que estava fechado pela ingratidão se acendeu por um instante. Mas ele não sabe disso. Para ela, porém, aquele rapaz pareceu estranhamente familiar aos seus olhos.

Pouco a pouco eles se comunicavam. Diante de um muro que os separava, eles descobriam os segredos um do outro. E assim começou algo diante deles. Um segredo. Um propósito para o que poderiam chamar de “tudo”.

Discutiam o quão pouco se conheciam e o quanto precisavam se revelar. O quanto ele queria mostrar para ela. Ela sempre linda e esperando para passar por ele novamente. Na mesma rua onde a solidão não existia.