Ametista

Um símbolo gravado com o nome do sol de da lua protege aquilo que resta de bom dentro de mim. Aquilo que resta de antigo, oprimido e simplório. A glória do que foi preservado todo esse tempo. Coisas que só você sabe e mais ninguém. O tempo em seu apogeu tentou abalar meu corpo, minha ternura, meus sonhos... e especialmente tentou retirar minha força. Coisas que só você viu e mais ninguém, ninguém sonhou em ver.

Por horas tento me restabelecer ao chão, arruinado, sofrendo de delírios e da sedutora vontade de mudar, mudar para viver uma vida mais fácil, porem, mais pálida, sínica e seca, uma vida longe do que realmente sou, artificializada para ser suportável, sem plenitude. Mudar o que eu sou seria a maior amostra de fraqueza e indignidade. Seria como ceder a ultima desgraça cometida pelos tolos.

E então, seus olhos estavam se fundido com os meus em meio ao terror e fracasso. Seus olhos, chuvas e raios. Violetas, espelhados como cristais. Frágeis e ao mesmo, transbordando paixão. Sua alma, quebradiça, tingiu o mundo, pintou seu retrato através de mim. E agora? Meu corpo se move para seus braços sem ser perturbado, sem ter medo de ser negado e eu sinto as ondas empurrarem seu corpo ao meu. Vida, enfim! A cura para os meus medos veio de você e trouxe junto mais um dia feliz.

Os dias que me fazem escravo

São 5h08 da manhã e as luzes da cidade continuam acessas, pelo menos enquanto eu olho para elas. Você esta ali ao lado, dormindo, se fingindo de pequena em uma cama crescida, esboçando a inocência que sempre passa despercebida em seu rosto. Nunca ouvi seu subir e descer de escadas e nunca soube como você entrou.
A cidade é tão dura, mas aqui do alto ela se torna tão pequena e humilde, um espetáculo para quem prefere, ao invés de dormir, se sentir rei por alguns minutos antes de repetir aquilo que te faz escravo do cotidiano. Observo em silencio e logo me viro, assustado, temendo por um segundo que você fosse engolida pelo seu próprio ninho e o que se resta fossem apenas alguns fios de cabelo vermelho, enrolados, aninhados em seu travesseiro. É hora de fechar as cortinas e me unir aos seus sonhos. Posso então sentir a suavidade de cada adorno da seda branca que você esta usando e sentir sua respiração. Com um suspiro seu eu pude me certificar que você não é boneca feita por mãos habilidosas, mas ainda não tenho certeza se não é anjo.
La fora o dia esta para chegar. Posso ouvir os homens ascendendo à realeza, mas continuo recolhido para você não se sentir sozinha. Deixarei você se levantar primeiro dessa vez para prevenir que seus olhos verdes se percam entre os meus antes de serem tocados pela luz do dia e serem verdadeiramente acariciados. Pode usar meu perfume e vestir minhas roupas se isso te deixar mais confortável, pois essa é a maneira de eu estar sempre com você, mesmo quando estou te esperando aqui deitado. Essa é a maneira de eu estar com você,mesmo sendo um escravo do meu próprio dia.