Sexto personagem: O que olha para trás.

Sempre olho para trás procurando você. Mesmo que me digam para não fazer isso, sempre procuro seu sorriso. O único sorriso que foi meu um dia e agora não sei aonde ele está. Minhas mãos estão geladas agora mais eu não preocupo com isso. Eu estou sozinho faz tempo mais ainda lembro de você.
Só que você não existe mais.
Só o que existe são lembranças e eu as procuro nesse pavoroso inverno. Por você, eu voltaria para os dias em que eu podia te fazer a pessoa mais especial do mundo e não fiz. Caíram espelhos refletindo o presente, mais eu os quebrei. Nada vai me impedir de te procurar no passado, só um novo amor que ainda esta por vir.

Quinto personagem: Inimigo Eterno

Você fez mais do que eu esperava de você. Agora nunca, nunca mais vai dormir em paz.
Você nunca soube da onde nasceu esse ódio dentro de mim. Nunca reconheceu seu retrato da minha galeria da morte. Mais de uma coisa eu tenho certeza, você sabe quem eu sou.
Seus desejos sussurram desgraça para mim. Você é o contrário. Encontro seus olhos nesse cenário macabro da minha vida. Você faz parte disso. Quantas foram traídas por você até esse aviso chegar aqui? Esse aviso de decepção.
A inconveniência de suas palavras altera o rumo das minhas idéias. Esquecer de tudo sobre você me faria esquecer que você perdeu a dignidade. Pobre e nojento ser infame. Usa de todos os meios para concretizar seu desejo egoísta de me ver acabado. Mais não morremos assim.
Eu e você.
Somos eternos.

Quarto Personagem: Indeciso

Começo ou fim? Sou o ultimo ou primeiro homem? Pra onde vou, pra onde vou? Para cima ou para o leste? Para a lua ou para as estrelas? Velho, novo ou infinito? Um ou zero?”
Por tantas perguntas me cercando, torno-me aquele que não sabe o que é.
“Filho ou pai? Fraqueza ou força? Homem ou lobo?”
Pior do que ter apenas uma opção é não saber para onde ir. “Para o mar ou para a torre?” O ódio é vago e sujo, e o amor é impiedoso. Estou sujeito a vagar.
Foram 4 direções no mapa. Para onde devo ir afinal?
“Doce ou verme? Prodígio ou ladrão? 27 ou 8?”
Homem não tem coragem de ir ainda mesmo sem saber para onde vai. Eu não tenho escolha.
“Certo ou fácil? Dia ou inverno?”
Não me pergunte, eu não sei de nada.
“Eu ou você? Silêncio ou canção? Olhos ou chão? Fim ou começo?”

Terceiro personagem: Sonhador

Eu não tenho medo de estar longe de casa e desaparecer em séculos de história. Pouco olho para trás e quando olho, é porque quero ver pela ultima vez o que deixei para trás. Não existe dúvida em meus passos...
Uma vez procurei pela lua e aquilo se tornou um sonho...
Eu sinto calor quando penso até aonde eu vou ter que chegar. As coisas passam rápidas demais e mentem para mim. Corro para descobrir a verdade. Como quando você esta andando distraído na rua e você vê de relance alguém em um carro que acabou de passar por você. E você imagina que pode ser alguém que você procurou a vida inteira, mais você não se preocupa em correr atrás do vento. Eu não sou assim.
Uma vez procurei pela lua mais percebi que ela estava muito longe. Não poderia deixar de correr para sempre, foi quando uma estrela brilhou em uma atmosfera diferente de tudo que havia procurado antes. E o vento estava lá, correndo.
Nunca desisti de procurar com meus olhos por horizontes sem fim. Espero que aquela estrela saiba que esta busca não é por acaso. O sentido das coisas me leva até lá.
O sentido das coisas é o calor que me enche de vontade de encontrar você. Por isso percorro vento, céu e canção. Por isso percorro um sonho sem fim.

Segundo personagem: Artista e meio cruel

Caminho pelas ruas e não sou acompanhado por ninguém. Espero na frente dos rostos por uma boa visão. Das pessoas daqui, já extraí toda beleza que podia. Agora só me resta sonhar.
Lembro de quando me cruzava um rosto belo, de quando via uma cena dramática. Corria sozinho antes que perdesse a idéia. Chegava e dava vida a musica. Eu sabia de alguma forma, que aquele rosto belo estava mais belo agora e de que aquela cena dramática tinha se transformando em um romance escrito por mim. Mais agora, agora só sinto pena dos fracos que vejo por ai. Fracos que tem medo do amor verdadeiro.
“O que posso fazer para você sorrir novamente? Mais não um sorriso qualquer, por que na verdade eu quero ver você sorrindo de verdade. Sorrindo para você mesmo.”
Não, ninguém nunca mais vai sorrir de verdade. As pessoas esqueceram-se do amor e isso me deixa abandonado porque nada consegue ser mais belo que minhas lembranças e isso não é destino para um homem como eu. Minha musica se entristece.
Caminho pelas ruas e não sou acompanhado por ninguém. Espero na frente dos rostos para saber se o amor realmente morreu ou se eu que morri. Pois quando o artista só consegue ver rostos cinzas...ele...morre...


- E o artista diz: "Comentários são legais"

Primeiro personagem : Docemente Imperfeito

Aqui estou com o mesmo pensamento, a mesma fina camada de incerteza. É vago procurar em você uma noção do que me tornei. É o ultimo lugar que eu iria procurar.
As vezes ouso sua respiração e percebo que não sou o centro das coisas. Sou um lado. Seu lado. Lado onde ouço sua respiração e procuro lhe dizer que as coisas não parecem mais a mesma.
Tudo mudou. A pedra continua a ser lapidada, porém seus ângulos que uma vez foram deixados perfeitos não retornam a sua forma bruta de sempre. Não igual a mim. Meus olhos não são da mesma cor de antes. Meu olhar é inseguro e as tensões provocaram rachaduras em mim. O caótico é o original, não eu. A esmeralda é eterna, não eu.
O nosso pequeno céu la em cima se tornou grande demais para eu lhe contar em quantas estrelas vi você. Eu paguei o preço da indecisão e da comodidade. Houve um impasse nas pequenas coisas que me deixavam feliz. Tantos nós foram deixando elas mais difíceis de esticar. Agora entendo porque me deixaram puxando a ponta disso tudo sozinho.
E mesmo você que me conheceu um dia tão bem. E você que desejou o passado tantas vezes. Você que me amou uma noite ou outra e enterrou um suspiro no vazio do meu quarto. Não lembra. Não pode me dizer.
Certas coisas são impossíveis ou são apenas indesejáveis. As flores me jogam de um lugar ao outro, pois não desejam meu sol amargo. O fluxo que segue a direção do esquecimento. O homem. O pedaço de agonia. A pedra em sua memória. A pintura que esconde a sorte de quem se aproximar. O dia em que a musica mais linda tocou. A memória que resta e prova que o preço foi pago.