Aqui estou com o mesmo pensamento, a mesma fina camada de incerteza. É vago procurar em você uma noção do que me tornei. É o ultimo lugar que eu iria procurar.
As vezes ouso sua respiração e percebo que não sou o centro das coisas. Sou um lado. Seu lado. Lado onde ouço sua respiração e procuro lhe dizer que as coisas não parecem mais a mesma.
Tudo mudou. A pedra continua a ser lapidada, porém seus ângulos que uma vez foram deixados perfeitos não retornam a sua forma bruta de sempre. Não igual a mim. Meus olhos não são da mesma cor de antes. Meu olhar é inseguro e as tensões provocaram rachaduras em mim. O caótico é o original, não eu. A esmeralda é eterna, não eu.
O nosso pequeno céu la em cima se tornou grande demais para eu lhe contar em quantas estrelas vi você. Eu paguei o preço da indecisão e da comodidade. Houve um impasse nas pequenas coisas que me deixavam feliz. Tantos nós foram deixando elas mais difíceis de esticar. Agora entendo porque me deixaram puxando a ponta disso tudo sozinho.
E mesmo você que me conheceu um dia tão bem. E você que desejou o passado tantas vezes. Você que me amou uma noite ou outra e enterrou um suspiro no vazio do meu quarto. Não lembra. Não pode me dizer.
Certas coisas são impossíveis ou são apenas indesejáveis. As flores me jogam de um lugar ao outro, pois não desejam meu sol amargo. O fluxo que segue a direção do esquecimento. O homem. O pedaço de agonia. A pedra em sua memória. A pintura que esconde a sorte de quem se aproximar. O dia em que a musica mais linda tocou. A memória que resta e prova que o preço foi pago.